A terapia cognitivo-comportamental (TCC) tem sido amplamente utilizada no
tratamento de transtornos alimentares. Ensaios clínicos apontam que este tipo
de terapia favorece a remissão ou diminuição da freqüência de episódios de
compulsão alimentar, tendo sido relatado também melhora do humor, do funcionamento
social e diminuição da preocupação com peso e formato corporal.
A TCC identifica e corrige as condições que favorecem o desenvolvimento e manutenção das alterações
cognitivas e comportamentais que caracterizam os casos clínicos.
A TCC ensina técnicas de autocontrole ao paciente para redução da ansiedade, tristeza
e outros sentimentos, considerados facilitadores do impulso para comer, além disso,
incentiva a modificação de hábitos alimentares, o desenvolvimento de estratégias para
adesão a exercício físico e a redução gradual do peso. A TCC aborda também a auto-estima,
a redução da ansiedade associada à aparência e a modificação do sistema de crenças,
previamente treinadas para evitar tais comportamentos, inicialmente com a ajuda do terapeuta.
Uma dieta muito restritiva está contra-indicada; a redução de peso é obtida através
de modificações graduais de hábitos alimentares, com flexibilidade para evitar o
pensamento "tudo ou nada", são também implementadas estratégias para controle de
estímulos, que consistem na diminuição da exposição do paciente às condições que
facilitam a alimentação inadequada como, por exemplo, diminuir a exposição a alimentos
que devem ser ingeridos em baixa freqüência.
A estratégia para adesão à atividade física inclui o estabelecimento de modalidades
de exercício que sejam reforçadoras. Na TCC é necessário ter atenção aos estereótipos
sociais associados à obesidade e ao formato corporal, assim como sentimentos de vergonha
e inferioridade. Além disso, o paciente deve manter expectativas realistas com
relação à meta de peso.
A TCC considera a relação terapêutica fundamental para a obtenção da melhora dos
transtornos alimentares. O terapeuta mantém uma atitude empática em relação às
dificuldades e necessidades do paciente e apresenta a terapia como trabalho em equipe,
no qual ambos terão uma participação ativa na detecção de causas das dificuldades e na
seleção das estratégias utilizadas no tratamento.