Sal, iodo e tireóide
Carolina Sapienza, Nutricionista do Movere
9 de março, 2006

Em Dezembro de 2005, foi publicado os resultados de uma pesquisa feita pela Faculdade de Medicina da USP, onde os pesquisadores correlacionam o excesso de iodo no sal de cozinha comercializado entre 1998 e 2003 com o grande aumento dos casos de doenças na glândula tireóide.

Em 1995, foi estabelecida a adição obrigatória de iodo no sal de cozinha para erradicação do bócio (aumento do volume da tireóide) e foi estabelecido que a cada kg de sal deveria ser adicionado no mínimo 40mg e no máximo 60mg de iodo.

Mas em 1998, devido à dificuldade relatada pelos fabricantes de mensurar essa quantidade de iodo, a Anvisa aumentou a dosagem máxima para 100mg, ficando recomendado 40mg – 100mg/kg de sal.

Em 2001, pesquisadores da FMUSP realizaram uma pesquisa que se prolongou até 2002, onde observaram escolares de 8 estados, analisando o nível de iodo na urina dos mesmos. O resultado encontrado foi que 70% deles tinham níveis elevados de iodo na urina. Junto a essa pesquisa, foram coletadas e avaliadas amostras do sal de cozinha utilizado pelas famílias, e os níveis encontrados na metade destas amostras foi de 60mg de iodo/kg de sal, que era o valor adequado pra época. Dessa forma, com base nessa pesquisa e pela recomendação de técnicos do ministério da saúde a Anvisa alterou novamente os valores permitidos, passando para 20mg a quantidade mínima e 60mg a quantidade máxima por kg de sal.

De acordo com a OMS, a ingestão de iodo em excesso durante um período prolongado - três a quatro anos - pode provocar entre os adultos jovens, principalmente entre as mulheres com alguma predisposição genética, o aumento das doenças auto-imunes da tireóide, que surgem quando o próprio organismo passa a fabricar anticorpos que destroem a glândula.

Nos últimos anos dobrou o número de casos de uma doença na tireóide chamada Tireoidite de Hashimoto — uma das principais causas de hipotireoidismo. Sem saber ao certo quais os principais fatores que influenciam esse fato, pesquisadores continuam investigando o assunto.

A ciência é muito rápida, e novidades são descobertas sempre. Mas por enquanto, o que temos certeza é que para uma vida mais longa e saudável, é preciso ter uma alimentação equilibrada e variada, junto com uma atividade física periódica.




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