O comportamento alimentar de uma criança
Carolina Pinheiro Fioco, Psicóloga
1 de dezembro, 2008

Alimentos CriançasO comportamento alimentar de uma criança começa a ser desenvolvido desde a vida intra-uterina. Através do líquido amniótico, os alimentos ingeridos pela mãe passam para o feto que começa a distingui-los. Dessa forma, quando o bebê nasce ele já possui a tendência a apreciar os alimentos que “experimentou” na vida intra-uterina. Portanto, é importante que as mães fiquem atentas aos alimentos que consomem ao longo da gravidez, pois, se consumirem durante a gestação muita gordura ou açúcar, por exemplo, já estarão contribuindo para que seus filhos desenvolvam a obesidade.

Desde bebê associamos a comida à sensação de prazer através da amamentação. O bebê chora, a mãe lhe dá o peito. O calor do corpo da mãe e o carinho do toque recebidos durante a amamentação são as primeiras sensações de prazer que sentimos associada à alimentação. Muitas vezes os pais dão a seus filhos chocolates, balas ou outras guloseimas para que estes parem de chorar ou para que fiquem quietos. Isso pode fazer com que contingências sejam estabelecidas, como por exemplo, a criança que sempre recebe alimento quando quer atenção ou quando chora, provavelmente passará associar o ato de comer com a solidão e sempre que se sentir sozinha buscará o alimento para confortar-se. Isso não quer dizer que não podemos dar guloseimas para as crianças, mas temos que estar atentos à maneira que isso ocorre, à situação e aos sentimentos que estão envolvidos.

Muitos pais se queixam da dificuldade que enfrentam para convencer seus filhos a consumirem alimentos mais saudáveis como frutas, verduras e legumes. A introdução desses alimentos no dia-a-dia das crianças deve ser feita de forma gradual e natural. Um erro freqüentemente cometido pelos pais é o de apresentar à criança somente aqueles alimentos de que a criança mais gosta e que já está acostumada a comer. Isso ocorre por medo de que a criança não coma o novo alimento e com isso fique sem se alimentar e “passe fome”. Para que uma criança concorde em provar um novo alimento é importante que este seja oferecido a ela diversas vezes e de maneiras diferentes. Normalmente não é isso o que ocorre. Diante da recusa do filho em experimentar o alimento apresentado a ela pela primeira vez, os pais já interpretam como sendo algo de que a criança não gosta. Para se apreciar o paladar de um alimento primeiramente é preciso senti-lo, ou seja, experimentá-lo.

Use da criatividade para apresentar a seu filho o mesmo alimento, mas em receitas diferentes. Levar seu filho para a feira e também convidá-lo a participar da preparação do alimento pode estimular sua curiosidade em prová-lo. É importante que a criança conheça esses alimentos saudáveis, que tenha contato com eles, e a feira é um bom lugar para isso. E lembrem-se: os pais são modelo de comportamento para seus filhos e, portanto, se eles não consomem legumes e verduras, dificilmente conseguirão fazer com que seu filho o faça.

Outro aspecto importante no desenvolvimento do comportamento alimentar da criança é ensiná-la a perceber quando está saciada e a respeitar essa sensação. Portanto, nada de obrigar seu filho a “limpar o prato”. Impor que a criança coma tudo que foi colocado em seu prato não colabora para que ela tenha consciência da saciedade do seu corpo; ao contrário, pode fazer com que ela associe a saciedade à sensação de estar demasiadamente “cheia”. É importante que ela desenvolva a capacidade de discriminar sua fome e perceber quando estiver saciada.

O comportamento de comer deve estar associado apenas ao ato de nutrir-se. O alimento tem apenas essa função, e devemos ter cuidado para não darmos a ele outra atribuição, ensinando, dessa maneira, aos nossos filhos que ele também pode servir para compensar algum sentimento ou situação.



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