Você já ouviu falar em bullying? Sabe o que isso significa? Provavelmente não, pois, infelizmente, o bullying ainda é algo pouco discutido no nosso país e, por isso, a maioria das pessoas desconhecem o tema e sua importância. Pois bem, se você ler esse texto até o fim não fará mais parte dessa maioria e estará, de certa forma, contribuindo para combatermos este fenômeno que cada vez mais se espalha e “contamina” o ambiente escolar, prejudicando a formação saudável de nossas crianças e adolescentes. Muitas pessoas sofrem o bullying, mas não o identificam e nem pedem por ajuda, pela simples falta de informação.
O bullying é um termo da língua inglesa usado para caracterizar atitudes agressivas, verbais ou não-verbais, repetitivas e intencionais, sem motivo aparente, que tenha uma relação desigual de poder e cause sofrimento, dor e angústia. Por atitudes agressivas podemos entender: bater, chutar, xingar, humilhar, difamar, chantagear, amedrontar, ameaçar, etc. Este comportamento é praticado por um sujeito (agressor) ou por um grupo de sujeitos (agressores), com o objetivo de intimidar ou agredir outro sujeito (vítima) ou grupo de sujeitos (vítimas). É praticado por crianças ou adolescentes que têm, por qualquer motivo, mais força e poder que a vítima. Na prática, o agressor pode utilizar diversas situações para agredir sua vítima, tais como: obrigá-la a ficar na fila da merenda em seu lugar e só depois poder se alimentar; obrigá-la a dar ou dividir seu lanche; fazê-la beber água misturada com detergente; forçá-la a comer a merenda misturada com pó de giz; chupar balas ou chicletes encontrados no chão; pagar em dinheiro valores que não deve; ter seus pertences destruídos ou jogados no lixo; obrigá-la a agredir alguém; forçá-la a dar seus pertences, etc.
A vitima em potencial, normalmente, apresenta algumas características físicas e/ou psicológicas, que fazem com que ela se torne um alvo fácil. Essas características são: apresenta dificuldade de se impor, é pouco sociável ou retraída, submissa, demonstra comportamento passivo, fisicamente mais frágil, extrema sensibilidade, timidez, insegurança, baixa autoestima, ansiedade, apresenta características físicas (mais gordo/magro, mais alto/baixo, faz uso de óculos/aparelho dentário, etc) e gostos “diferentes” (relacionados a música, roupas, brincadeiras, etc.) da maioria das outras crianças/adolescentes.
O bullying traz muitas consequências físicas e emocionais para suas vítimas. As mais frequentes são o isolamento social, a baixa autoestima, choro fácil, auto-depreciação, autoagressão, baixa ou nenhuma confiança em si mesmo, desconfiança nas outras pessoas, estresse, dificuldade de relacionamento, dificuldade de aprendizagem, fobia escolar, abandono dos estudos, enurese noturna, alterações do sono, cefaléias, desenvolvimento de psicopatologias (Depressão, Síndrome do Pânico, Transtornos Alimentares, Transtorno de Personalidade Antissocial...) e, em casos extremos, o suicídio e/ou homicídio.
Como identificamos se nossos filhos ou alunos estão sendo vítimas de bullying? Existem alguns sinais que a criança/adolescente que sofre o bullying apresenta, e que podem nos ajudar a perceber se ele está sofrendo algum tipo de maltrato por parte dos colegas. Leia com atenção as perguntas a seguir e veja se seu filho/aluno se encaixa nestas situações.
• Durante o recreio fica separado ou isolado do grupo, procura ficar próximo do professor ou de algum adulto?
• Na sala de aula tem dificuldade em falar diante dos demais?
• Nos jogos de equipe é o último a ser escolhido?
• Mostra-se frequentemente aflito, triste, deprimido?
• Apresenta desleixo gradual nas tarefas escolares?
• Apresenta, de forma não natural, contusões, feridas, cortes, arranhões ou roupas rasgadas?
• Falta às aulas com certa frequência?
• “Perde” constantemente os seus pertences?
Os pais e educadores devem estar atentos a possíveis sinais que possam surgir por parte dos filhos ou alunos, e quando identificá-los não deve hesitar em procurar por ajuda. Se você acredita que seu filho possa estar sendo vítima de bullying, converse com ele, procure o professor responsável, busque por soluções juntamente com a escola. Se seu filho não se abrir com você ou se a escola não estiver disposta a ajudar, peça ajuda profissional. Procure um psicólogo. Lembre-se, o bullying causa grande sofrimento, dor e angústia a suas vítimas.
O bullying não deve ser confundido com as brincadeiras que normalmente acontecem na infância e adolescência. As brincadeiras são para divertir, portanto, se há algum sofrimento, já deixou de ser brincadeira. Nas brincadeiras todos se divertem. No bullying, apenas alguns.